Ele conseguiu provar que não é apenas mais um que entra na onda das adaptações dos contos de fadas, mas que quer estar entre as melhores delas.

 
Título: A Escola do Bem e do Mal
Autor: Soman Chainani
Tradutor: Alice Klesck
Páginas: 352
Ano: 2014
Editora: Gutenberg
ISBN: 9788582351673
Avaliação:   | Ótimo.
Sinopse: No povoado de Gavaldon, a cada quatro anos, dois adolescentes somem misteriosamente há mais de dois séculos. Os pais trancam e protegem seus filhos, apavorados com o possível sequestro, que acontece segundo uma antiga lenda: os jovens desaparecidos são levados para a Escola do Bem e do Mal, onde estudam para se tornar os heróis e os vilões das histórias. Sophie torce para ser uma das escolhidas e admitida na Escola do Bem. Com seu vestido cor-de-rosa e sapatos de cristal, ela sonha em se tornar uma princesa. Sua melhor amiga, Agatha, porém, não se conforma como uma cidade inteira pode acreditar em tanta baboseira. Ela é o oposto da amiga, que, mesmo assim, é a única que a entende. O destino, no entanto, prega uma peça nas duas, que iniciam uma aventura que dará pistas sobre quem elas realmente são.

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Sabe aqueles contos de fadas que nós já amamos e que foram responsáveis por formar muitos leitores? Conhece a história daquela garota dos longos cabelos chamada Rapunzel, ou aquela branquinha que ganhou o nome de Branca de Neve ou até mesmo aquele menino que voa pra lá e pra cá lutando contra o Capitão Gancho, o Peter Pan? Pois bem, se conhece a história de cada um deles, você precisa conhecer a história da escola onde esses e todos os outros heróis e vilões dos contos de fadas se formaram, a Escola do Bem e do Mal.

Sophie e Agatha são amigas, mas são totalmente opostas. Sophie se veste como uma princesa, tenha os modos perfeitos e sempre esteja com uma aparência impecável, já Agatha adora um preto básico, perambular pelo cemitério e colecionar coisas realmente estranhas. E não é só nisso que ambas se diferem: Sophie sempre teve uma aparência de princesa porque sonha com o dia em que o Diretor da Escola venha buscá-la para levá-la para a Escola do Bem, enquanto Agatha, acha tudo isso uma grande idiotice.
Aquela garota, no entanto, era diferente. Aquela garota era assustadora. O pavor percorreu sua espinha.
Além de se apropriar das histórias já bastante conhecidas, o autor com base nos contos criou uma escola que abrange novas seres e cenários, misturando-os  perfeitamente a trama. Aos poucos seremos introduzidos ao enredo como se fossemos parte dos alunos e nos sentiremos muito próximos de todos. Seremos apresentado às instalações, conheceremos nossos colegas de classe e logo receberemos a grade curricular com os horários de aula, tanto do Bem e do Mal, assim, logo conheceremos os professores — que são completamente peculiares —, mas também sentiremos na pele os perigos que a Floresta Sem Fim e a própria Escola trarão. Funcionou bem, o autor foi bastante sagaz ao juntar algo já bastante conhecido e inová-los com novos elementos.

Por mais que a premissa traga lembranças e reviva os grandes contos de fadas, eles não farão parte dos personagens. Eles estarão presentes, mas foram colocados como exemplos para que os alunos se esforcem e sejam realmente os melhores, porque somente eles se tornarão os protagonistas de uma conto de fadas, histórias escritas pela caneta mágica Storian.
O olhar de Sophie cruzou com o dele, o que endureceu seu coração. Ele retribuiria seu amor. Tinha de retribuir. Porque ela o destruiria se ele se atrevesse a amar qualquer outra pessoa.
É inegável o quanto a Sophie me irritou. Uma garota egoísmo e com uma prepotência sem tamanho, passando sua vontade acima de tudo e de todos. Agatha irá te encantar com sua maneira doce e sua maneira atrapalhar de conduzir as situações complicadas. O que eu mais gostei nessa personagem é que ela sempre vê o melhor de cada um. Sophie sempre desejou ir para a Escola do Bem e do Mal, mas Agatha sempre achou uma completa idiotice. Quando elas finalmente se veem como alunas, Agatha só quer voltar para casa mas Sophie que seu lugar de direito e também seu príncipe encantado.

O que me incomodou bastante duranye toda a leitura foi o dilema das duas protagonistas: colocá-las em uma escola "aparentemente" erradas. O jeito nada comum de Agatha se vestir e seus gostos exóticos apontam como uma promissora bruxa, mas é colocada na Escola do Bem, enquanto Sophie que sempre vestiu rosa, tentava fazer coisas boas para os outros, é colocada na Escola do Mal. Está claro que não houve confusão, o autor conseguiu passar a mensagem de que as aparências enganam mas insistir nesse ponto durante toda a leitura, foi bastante inconveniente.
“Eu queria meu final feliz, Agatha”, disse Sophie, com as lágrimas brotando. “Chegarmos em casa vivas é nosso final feliz, Sophie.”
Todo conto de fadas tem um final feliz, certo? Mas não aqui. Não estou dizendo que o autor matou todos os personagens e destruiu tudo, mas ainda estou em conflito com os acontecimentos. E não, não há nenhum momento que duvidei de quão bom  foi aquele final! Há algumas cenas tristes, também teve seus momentos mas classificá-lo como triste ou feliz seria demais. Acho que o autor nos dirá com os outros volumes, que mediante aquele final, não sei como o autor conduzirá os próximos livros. Chega, se não vou acabar soltando spoilers.

O autor conseguiu mostrar que pode muito bem surpreender o leitor, mesmo com uma história aparentemente  clichê. Ele conseguiu provar que não é apenas mais um que entra na onda das adaptações dos contos de fadas, mas que quer estar entre as melhores delas. Com uma perspectiva nova e uma escrita de tirar o fôlego, A Escola do Bem e do Mal provou ser uma aposta promissora. Este é o primeiro livro da série que ganha o mesmo nome, sendo que o terceiro será publicado ainda em 2015. Mal posso esperar para ler a continuação...

SOBRE O AUTOR
Graduado em Harvard e escreveu uma tese sobre o motivo pelo qual os vilões são tão irresistíveis. Roteirista premiado, é mestre pela Columbia University na área de cinema e já trabalhou em mais de 150 festivais de cinema pelo mundo, ganhando diversos prêmios tanto pela direção quanto por roteiros. Quando não está viajando, contando histórias ou em Nova York trabalhando como professor ele pode ser encontrado jogando tênis. Fazia mais de dez anos que não perdia um primeiro round, até começar a escrever...

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