Filha da Ilusão, de Teri Brown #1

Recheado de mistérios, com tabuleiro ouija, Harry Houdini como um dos personagens e com aquele romance tão sutil mas ao mesmo tempo tão encantador.

 

Título: Filha da Ilusão

Autor: Teri Brown
Tradutor: Heloísa Leal

Páginas: 288

Ano: 2014

Editora: Valentina

ISBN: 9788565859295

Avaliação:  ★★★★ | Ótimo.

Sinopse: Anna Van Housen tinha apenas 13 anos quando livrou a mãe da prisão pela primeira vez. Aos 16 já possuía a malandragem necessária para sobreviver nos ambientes mais inóspitos, assessorando a mãe, a renomada médium Marguerite Van Housen, no palco onde apresentava suas, digamos, sessões espíritas. Mãe e filha dominavam e transitavam com facilidade o submundo dos mágicos, médiuns e sensitivos na Nova York dos anos 1920. Escapar de algemas e amarrações faziam parte do ilusionismo e esses truques nunca assustaram Anna. A grande magia, na verdade, era manter em segredo seus dons, principalmente do oportunismo da mãe, uma mulher que não media esforços e usaria de toda e qualquer artimanha em sua busca insana pelo posto de maior médium de todos os tempos. Entretanto, quando um estranho e sisudo jovem se aproxima das apresentações, introduzindo a garota numa sociedade secreta que estuda pessoas dotadas de dons como os dela, ele ameaça revelar os segredos que Anna arduamente tanto lutou para manter longe dos curiosos, forçando-a a encarar a verdade por trás de seu passado.Seriam reais todas aquelas histórias que a mãe lhe contava? Seria Anna, de fato, a filha do maior mágico de todos os tempos?

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Você sabe que vai amar o livro quando ele já te encanta logo nos primeiros capítulos e de uma tal maneira que você terá que ler compulsoriamente até o fim. Filha da Ilusão é assim, vem com uma historinha de magia e mistérios, como quem não quer nada e logo você não conseguem mais parar de ler.

Anna Van Housen é assistente de sua mãe no palco, uma ilusionista que está ganhando bastante destaque. Por mais que os truques sejam extremamente impressionantes, sua mãe é uma farsa, sempre foi, mas Anna não. Anna tem um segredo: ela realmente consegue ter visões do futuro, consegue através do toque reconhecer as emoções das pessoas e se conectar aos mortos. Claro que ela acha que todo esses dons vieram de seu pai, Harry Houdini. Mas isso é um problema, Anna verá que ter esses dons colocará ela e sua mãe em grandes perigos. Então ela conhece Cole, um garoto que sabe do seu segredo. Juntos eles embargaram em uma aventura literalmente cheia de magia, muitos mistérios e romance.

— Sua mãe é uma fraude, mas você é autêntica, não é mesmo, Anna?

Anna é uma personagem intrigante. Não podemos de fato dizer que é astuta e sagaz — já que muitas vezes acaba metendo os pés pelas mãos —, mas que encantará o leitor com sua maneira ainda bastante ingênua de encarar a realidade. Quando a realidade não é o bastante, ela entre em cena no palco mostrará o que é uma verdadeira ilusionista, mesmo que sua mãe reprima isso nela, é inegável seu grandíssimo talento. Certamente Anna foi uma das personagens que mais amadureceu durante o caminhar da história.

Já ouviram a expressão "filha de peixinho, peixinho é"? Pois é, se Anna é uma personagem intrigante, sua mãe mil vezes mais. Nunca sabemos suas intenções, suas atitudes muitas vezes muito imprudentes e egoístas e suas emoções conflitantes. Desde o começo me encontrei com um pé atrás com essa personagem, não concordava com a forma que ela tratava a própria filha e com certeza não havia um pingo de carisma nela. Não sei quanto ao próximo livro, mas ela não me convenceu ser melhor do que eu pensava. E se mãe e filha tem personalidades tão parecidas, imagina o relacionamento entre elas não seja nada fácil.

Para além dos perigosos jogos da ilusão, esconde-se o segredo de duas almas gêmeas... e um poder extraordinário.

Encontramos aqui um triângulo amoroso que não é o foco da narrativa — obrigado Teri. Anna acaba conhecendo o misterioso Cole e o extrovertido Owen. A verdade é que você morrerá de amores pelo Cole, entendeu? Cole, não Owen. Esqueça que Owen existe. Desde as primeiras páginas o Owen me irritava com seu jeito meigo e sempre disposto. Toda vez que Anna cogitava levar adiante algum tipo de relacionamento com o Owen meu estômago revirava e queria gritar que ele não era o cara certo até que ela me ouvisse. 

Mistérios e enigmas são os pontos mais fortes durante toda a história. Como o livro é narrado por Anna, acabamos acompanhando toda as descobertas, inseguranças e os perigos que a protagonista enfrenta. Desde o começo somos indagados por diversas perguntas, sobre em quem devemos confiar, até onde os dons de Anna deixam de ser benção e se tornam maldição, estipular o grau de perigo de determinadas situações e por aí vai. Se atenha aos detalhes, não perca nada porque cada personagem e cena foram colocadas ali com um propósito que, de alguma maneira, influenciará no desfecho da história.

Meu coração palpita na aterrorizada expectativa do que está por vir. As visões nunca são imagens bonitas com final feliz.

Entre tantos pontos positivos, podemos adicionar também a escolha da época. A história seria realmente incrível mas ao escolher que a história de passasse há mais de 100 anos atrás, ela levou a outro patamar. Todo aquele cenário antigo de 1920, as roupas e chapéis, os casacos, os bares e teatros, os carros antigos, tudo isso é trazido de uma forma tão maravilhosa que só aumenta ainda mais a magia já presente no livro.

Onde Teri se escondia? Como eu consegui ficar tanto tempo longe dessa narrativa incrível? O livro é narrado pelo ponto de vista da Anna e a autora conduz o leitor com uma escrita viciante, cheia de detalhes e dosado com a quantidade certa de adrenalina, sendo que você poderá ler por horas e nem ao menos perceberá. Claro que eu poderia comentar novamente sobre a premissa inovadora, o cenário adorável e os personagens amáveis, mas acho que já atribuí muitos elogios demais.

Meus próprios dons, tão íntimos para mim quanto minha própria pele, parecem estar mudando, crescendo e se transformando em algo que não reconheço mais.

Quando foi anunciado que esse livro seria lançado no Brasil, cometi o pecado de julgar o livro pela capa porque a capa americana é horrível, mas então li que o livro sairia no Brasil pela Valentina, então fiquei mais tranquilo. Acho a capa brasileira mil vezes mais bonita que as internacionais, além da diagramação formidável: livro com abas bem caprichadas, todo começo de capítulo tem fontes diferentes, folhas amarelas e a tradução e revisão estão realmente muito boas, não foram achados erros durante a leitura. Ou seja, um ótimo trabalho!

Um livro recheado de mistérios, com tabuleiro ouija, Harry Houdini como um dos personagens e com aquele romance tão sutil mas ao mesmo tempo tão encantador, não poderia receber nada mais nada menos do que uma salva de palmas de pé. Tenho certeza que Teri Brown conquistará diversos fãs brasileiros, pode-se dizer que ao menos um ela já conseguiu. Filha da Ilusão é o primeiro livro da série Herdeiros da Magia, escrito pela talentosa Teri Brown. Espero que a editora lance em breve o segundo livro intitulado Born of Deception (Filha da Decepção, na tradução livre).

SOBRE A AUTORA
Teri Brown tem muito orgulho de seus dois filhos, mas logo em segundo lugar vem o fato de já haver saltado de paraquedas e zerado o Legend of Zelda. Ela adora escrever, é fã de heavy metal, detesta matemática, devora livros, pilota fogão, cria gatos e é cem por cento urbana. Teri vive com o marido e um mundo de bichos de estimação em Portland, Oregon.