Passarinha, de Kathryn Erskine

O livro é incrível e todos deveriam ler algo tão tocante e intenso como Passarinha.

 

Título: Passarinha

Autor: Kathryn Erskine

Páginas: 224

Ano: 2013

Editora: Valentina

Avaliação:  ★★★★★ | Excelente!

Sinopse: No mundo de Caitlin tudo é preto ou branco. As coisas são boas ou más. Qualquer coisa no meio do caminho é confuso. Essa é a máxima que o irmão mais velho de Caitlin sempre repetiu. Mas agora Devon está morto e o pai não está ajudando em nada. Caitlin quer acabar com isso, mas como uma menina de onze anos de idade, com síndrome de Asperger ela não sabe como. Quando ela lê a definição de encerramento ela percebe que é o que ela precisa. Em sua busca por ele, Caitlin descobre que nem tudo é preto ou branco, o mundo está cheio de cores, confuso e bonito.

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Quando tive esse livro em mãos, antes mesmo de abri-lo, já tinha pleno conhecimento de que me cativaria e me emocionaria assim como qualquer leitor. Trazendo uma protagonista com Síndrome de Asperger, mas popularmente conhecida como autismo, e tratar de temas delicados não é tão fácil como pode parecer, mas a autora consegue com maestria transportar o leitor para dentro do contexto do livro de uma forma tão intensa que é impossível não amar este livro.

Somos apresentados a Caitlin, ela tem autismo e recentemente perdeu seu irmão de forma brutal. Cait só tem ao pai, já que sua mãe também já faleceu devido ao câncer, mas seu pai está tão arrasado que parece estar sozinha nesta. É quando conhecemos a orientadora Sra. Brook, que tenta a todo custo fazer com que a garota se socialize e consiga encarar os problemas, mesmo que seja da sua própria maneira.

Fazer amigos e sentir empatia não fazem parte dos objetivos dela, e viver no mundo real pode se mostrar uma tarefa mais difícil do que parece. Mas a Sra. Brooks assim como outros personagens vão fazendo com que nossa garota aprenda um pouquinho de cada dia. Mas a verdade é que nós e os demais personagens, acabamos aprendendo mais com a própria Cait, do que ela com os outros.

Eu gosto das coisas em preto em branco. Preto e branco é mais fácil de entender. Cor demais confunde a cabeça da gente.

Emocionante. Essa seria a palavra que mais descreveria ver e sentir as diferentes situações e emoções pelos olhos da pequena Caitlin, com sua ingenuidade, sua simplicidade e sua grande força de vontade de superar os seus próprios medos, ela vai nos conquistando página à página.

Se não bastasse se apaixonar pela protagonista, você cairá de amores pelo Michael. Ele foi o primeiro amigo que Caitlin consegue cativar e ele é uma das vítimas também, sua mãe foi morta no mesmo episódio traumático que o irmão de Cait. Ele é um garoto também bastante inocente —até por ser mais novo—, completamente leal e companheiro, a autora não poderia criar um personagem melhor para trilhar as páginas com a protagonista.

A narrativa vai se desenrolando pelo drama familiar em que, a autora não necessita de muitas páginas para demonstrar quão traumático pode ser a perda de um filho. Superação seria um ponto muito explorado pelo livro, a busca pelo desfecho. Não digo superação só para a Cait, mas pelos demais personagens como seu amigo Michael que perdeu a mãe ou como o pai de Caitlin, ou mesmo Josh que sempre foi mau com os outros. Todos devem superar algo, mas nossa protagonista tem que aprender como viver no meio de outras crianças e viver a vida real.

— Os olhos são as janelas da alma — diz o senhor Walters. — Quando você olha dentro dos olhos de alguém pode ver muito sobre a pessoa.

Poderia descrever o livro ainda por linhas e mais linhas, mas a verdade é que não há como descrever como algo tão singular e tocante. E tem como não amar o trabalho gráfico pela editora Valentina nesta obra? A capa traz o mesmo sentimento de fragilidade e delicadeza, sendo que por dentro o capricho da editora é o mesmo com uma diagramação ótima.

Mesmo depois de virar a última página desse livro, um arrepiou ainda me assolava por não saber o que pensar, o que sentir, o que escrever, como seguir daqui pra frente em relação às pessoas com autismo. É tão difícil escrever sobre algo que você amou, parece que as frases nunca expressam quão bom o livro é, mas pode acreditar, ele é incrível e todos deveriam ler algo tão tocante e intenso como Passarinha.

SOBRE A AUTORA

Kathryn Erskine exerceu a advocacia durante quinze anos antes de se voltar para seu primeiro amor, a literatura. Vive com o marido, dois filhos e uma cachorrinha chamada Maxine. Abalada com o massacre da Virgínia Tech University, em 2007, Kathryn imaginou como poderia entrelaçar o tema da violência na juventude, seu impacto sobre a comunidade e as famílias, e o mundo de uma criança com necessidades especiais.